A paixão de um peixe com má memória para amar
Existe algumas espécies de peixes cuja memória só dura quinze segundos — pelo menos foi o que ouvi dizer. Se não for verdade, não importa. Na minha imaginação, ele existe.
Um dia, um destes peixes saiu de um recife de corais e cruzou com a peixa mais bela que ele já viu, não a mais bela que lembrava ter visto, a mais bela que havia visto em toda sua vida. E se apaixonou à primeira vista — até porque, com uma memória de quinze segundos, é difícil se apaixonar de outro modo. E sentiu que precisava dela, sentiu sua falta a partir do momento em que esteve em sua presença, deu meia volta para ir atrás de seu amor.
Mas ela já havia entrado no recife e no instante em que o peixe apaixonado olhou para trás, ela já não podia mais ser avistada. E o peixe saiu a sua procura, e nos pouco menos que quinze segundos seguintes a procurou sem desanimar. Quinze segundos se passaram desde o momento em que ele a avistou e então já não sabia mais como era o rosto mais belo que já havia visto, nem mesmo sabia que um dia havia se apaixonado. Já o vazio que ela deixou ao passar por seu campo de visão não era uma lembrança que desapareceria para sempre após a data de validade, o vazio era presente e, a cada vez que era sentido, se atualizava.
Não se sabe ao certo (ou talvez não seja relevante) quanto tempo este peixe viveu depois disto, mas os únicos momentos em que o seu coração não foi tomado pelo aperto de saber que necessitava de algo que não sabia o que era foram seus últimos momentos. Um peixe maior se aproximou muito rápido e o peixe melancólico, por menos de um segundo, se encheu de pânico instintivo. Não houve tempo para que o pânico se tornasse medo, medo pensado, não houve tempo para pensar. Foi tomado pela dor de ser traspassado por dentes e esta, apesar de também não ter durado muito, durou o bastante para ser pensada o suficiente para doer mais.
Todo o episódio de sua morte não durou mais que três segundos. Tudo que se lembrava da vida era de um rápido momento de pavor, um pouco de dor intensa e um longo passado de uma tristeza para a qual não havia esperanças de ser encontrar remédio.
Um dia, um destes peixes saiu de um recife de corais e cruzou com a peixa mais bela que ele já viu, não a mais bela que lembrava ter visto, a mais bela que havia visto em toda sua vida. E se apaixonou à primeira vista — até porque, com uma memória de quinze segundos, é difícil se apaixonar de outro modo. E sentiu que precisava dela, sentiu sua falta a partir do momento em que esteve em sua presença, deu meia volta para ir atrás de seu amor.
Mas ela já havia entrado no recife e no instante em que o peixe apaixonado olhou para trás, ela já não podia mais ser avistada. E o peixe saiu a sua procura, e nos pouco menos que quinze segundos seguintes a procurou sem desanimar. Quinze segundos se passaram desde o momento em que ele a avistou e então já não sabia mais como era o rosto mais belo que já havia visto, nem mesmo sabia que um dia havia se apaixonado. Já o vazio que ela deixou ao passar por seu campo de visão não era uma lembrança que desapareceria para sempre após a data de validade, o vazio era presente e, a cada vez que era sentido, se atualizava.
Não se sabe ao certo (ou talvez não seja relevante) quanto tempo este peixe viveu depois disto, mas os únicos momentos em que o seu coração não foi tomado pelo aperto de saber que necessitava de algo que não sabia o que era foram seus últimos momentos. Um peixe maior se aproximou muito rápido e o peixe melancólico, por menos de um segundo, se encheu de pânico instintivo. Não houve tempo para que o pânico se tornasse medo, medo pensado, não houve tempo para pensar. Foi tomado pela dor de ser traspassado por dentes e esta, apesar de também não ter durado muito, durou o bastante para ser pensada o suficiente para doer mais.
Todo o episódio de sua morte não durou mais que três segundos. Tudo que se lembrava da vida era de um rápido momento de pavor, um pouco de dor intensa e um longo passado de uma tristeza para a qual não havia esperanças de ser encontrar remédio.
4 Comments:
Certamente o peixe apaixonado não tem nome. Que peixe lembraria do próprio nome. Nemo nunca soube que se chamava Nemo. Vejo essa falta de nome como uma forma de ocultar o verdadeiro signo que permeia a vida desse peixe desafortunado. Harry, esse peixe é você. E a morte dele significa que você foi comido -afinal, o peixe foi comido.
Portanto você está apaixonado, e foi comido.
Eu não fui comido! Pelo menos que eu me lembre não…
Quem é harry?
vou postar esse texto no meu fotolog qdo eu lembrar tá?
[eu num to pedindo autorização, estu te comunicando heoaiehoieaaohiehioeahoihoihoiaheoiea]
xD~~
;**
ser comido é se apaixonar?
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