Oásis
Eu tive coragem (alguns diriam loucura) suficiente para deixar o oásis e seguir incerto pelo deserto, buscando terras férteis de verdade, com um rio e tudo o mais, não um pequeno lençol freático no meio de um monte de areia e nada.
Eles acham que eu vou morrer sem conseguir nada. Eu não duvido disso, mas… que tenho eu a perder? A vida? Eu não considero ter de racionar comida por serem poucas as terras férteis e viver sem saber até quando teremos água de vida! Eu chamo de miséria! E miséria por miséria, aqui estou, no deserto. Se partíssemos todos, maiores seriam nossas chances de sobreviver, mas se eu insistisse em convencê-los todos antes de partir, eu nunca partiria.
E vou seguindo sozinho pelo deserto, vez em quando encontrando outro andarilho, sem saber quando vou chegar ao meu destino, sem saber quando vou encontrar outro oásis onde que eu possa descansar, sem saber se estou no caminho certo, sem saber sequer se há um destino… ou seja sem saber se vou viver amanhã. A única diferença entre andar pelo deserto e ficar no oásis é que ficando no oásis eu tinha uma única certeza: que eu nunca encontraria um lugar melhor.
Eu queria estar num oásis esta noite, e não andando desesperadamente a passos largos no frio do deserto. Talvez seja melhor assim, desse modo chegarei mais rápido. Ou não, talvez tanto esforço me faça cair antes do tempo. Haverá um outro andarilho no meu caminho para me levantar?
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Já era para eu ter escrito e publicado (no Mentes Férteis) este texto há quase um ano.