Friday, September 28, 2007

Velho!

Velho! Apesar de minha aparência jovial e minha boa saúde, apesar de ter chegado há relativamente pouco tempo ao mundo, já me sinto velho! Ou pelo menos cansado como se fosse um...

Vão olhar para mim e dizer “Velho? Você?! Mal passa de um garoto!”. Mas dirão isto porque vêm só o que em minha curta vida conquistei, não vêm o tanto de forças que gastei para conseguir tão pouco; não sabem o tanto que aprendi, mas o que aprendi ou não lhes é útil, ou o é, mas seja lá para que for útil, eles têm outros conhecimentos para isto, conhecimentos à sua maneira.

Não sabem ainda que, enquanto eles se esforçavam para aprender o que lhes ensinavam e depois faziam como haviam lhe dito, eu me desgastava contestando o que tentavam me ensinar e me desgastava mais ainda tentando fazer o que me diziam para não fazer; enquanto aprendiam a boiar e depois se deixavam levar pela correnteza, eu me afogava e me exauria tentando aprender o que ninguém me ensinava: a nadar contra a corrente. E assim agi simplesmente porque tenho outras vontades; porque, ao contrário deles, a foz deste rio não me interessa. Eu, que já sou dado a querer grandes coisas, ainda tenho (exatamente por isto) de enfrentar grandes empecilhos; além de já querer ir mais longe, tenho também de nadar contra a correnteza.

E me sinto tão velho e tão cansado porque há algo que só agora aprendi: lançar-me á luta com tanto ímpeto e nenhuma moderação mais me destruía do que me fortalecia. Só agora percebi que estes poucos porém intensos anos me tornaram muito mais resistente, mas não muito mais forte; o despeito pela dor e pela fadiga aumentava muito a cada dia, mas não tanto o desempenho de minhas braçadas.